QUASE - por Roberto Pompeo - 17/02/2012

Hoje sinto tristeza, melancolia quase...

Uma noite que bem poderia não ser seguida de um dia, ou talvez seguida de um dia que não tivesse sido precedido por uma noite, por esta noite.

Hoje sinto melancolia, pena quase...

Pena daquilo que é mas não se manifesta, daquilo que se sente mas não se faz sentir, daquilo que está escrito mas que talvez não seja lido.

Hoje sinto pena, angústia quase...

Angústia pelo que deve ser e que talvez não seja mais, angústia pelo que dizem os olhos e que não se sabe escutar, angústia pelas palavras que se fizeram calar.

Hoje sinto angústia, falta quase...

Falta de tudo que falta aprender, que falta viver, que falta sorrir, que falta dizer, que falta fazer.

Hoje sinto falta, dor quase...

Dor real, por não saber como seguir, por não saber o que esperar.

Hoje sinto dor, esperança quase...

Esperança de te fazer voltar a sorrir, serenamente alegre. Esperança de que o que é possa ser. Esperança de que a guerra não seja perdida na última batalha, depois de tantas mortes parciais e ferimentos profundos.

Hoje sinto esperança, alegria quase...

Alegria da certeza de que algo dentro de nós sobrevive à dor, à falta, à angústia, à pena, à melancolia, à tristeza, a nós mesmos. 

Alegria porque algo mudou dentro de nós, mesmo que nós não estejamos presentes para ver. 

Alegria por saber que sempre irei velar por ti, talvez de um paradeiro distante, talvez mirando em silencio janelas azuis, talvez sentindo teu perfume e tentando adivinhar teus sonhos através de pálpebras cerradas...

Hoje sinto alegria, alegria apenas...