terça-feira, 27 de março de 2012

CRÔNICAS FACEBOOKIANAS – PALAVRAS – por Roberto Pompeo – 27/03/2012



Hoje, pela primeira vez nos últimos tempos, sentei em frente ao computador sem uma inspiração prévia, sem palavras fluidas vertendo dos meus dedos, sem um título pré-estabelecido. Hoje vim para o papel, ou melhor, para o teclado, simplesmente para sentir esses seres vivos maravilhosos, alados, que são as palavras. Vim para pedir-lhes que me digam o que quiserem, vim sem a pretensão de querer ordená-las, mas simplesmente deixá-las livres, como devem ser.
As palavras são as melhores aliadas das pessoas, pois elas dizem tudo. Através delas podemos expressar o que sentimos e o que não sentimos. Podemos simular ou dissimular. Estados de espírito, condições sociais, ideologias, sentimentos, razões, elas são, de uma forma ou de outra, a expressão ultérrima do que temos dentro ou do queremos fazer parecer que temos dentro.


Dizem que o papel aceita tudo, o mesmo vale para a palavra falada, quem tem boca fala, diz o ditado. Através de palavras pessoas podem se mostrar felizes sem alegria, sábias sem sabedoria, inteligentes sem conteúdo. Basta saber usá-las.
Mas cuidado!
Elas cobram e cobram caro. Elas não julgam quando escrevemos ou falamos, mas nos escravizam. Em dado momento nos deixarão expostos a nós mesmos e também aos demais, o que nem importa tanto mas pode ser constrangedor. Num dado momento, geralmente o pior momento, virá a cobrança do que dissemos sentir, do que dissemos fazer, do que dissemos ser. E se não sentimos, não fazemos e não somos, nesse momento teremos a certeza de que teria sido melhor não ter dito.
Por isso, é importante não fazer da mentira, seja aquela intencional, seja aquela inconsequente, negligente, um hábito. Aquelas pequenas mentiras, muitas vezes, para não dizer sempre, desnecessárias, vão aos poucos minando o caráter, e um caráter fraco aumenta o tamanho e a gravidade das mentiras, entrando num círculo terrível que condenará as suas verdades a parecerem também mentiras!
As palavras sempre preferem a verdade, ainda que as pessoas muitas vezes não. Ela é sempre o melhor caminho.*

*PS.: exceção para quando sua namorada ou esposa lhe pergunta se ela está um pouco acima do peso...

quinta-feira, 15 de março de 2012

CRÔNICAS FACEBOOKIANAS – CHUVA – por Roberto Pompeo – 15/03/2012 – Curitiba


Finalmente a chuva veio.
São engraçados os tempos que antecedem a chuva depois de um período relativamente longo de estiagem. Sim, porque quando ela se faz presente de poucos em poucos dias, está no cotidiano, ainda mais numa cidade como Curitiba que tem chuva em metade dos dias do ano.
Desta vez foram praticamente quinze dias sem ela. Dias lindos, de sol e céu azul. Quentes demais, é verdade, porque como bons curitibanos não podemos deixar de reclamar de alguma coisa.
Mas depois de um período longo (para os nossos padrões) de seca, nosso subconsciente parece ficar na expectativa de que vai chover a qualquer momento. Quando será? Hoje? Levo capa? Guarda-chuva? Houve dias em que a chuva ameaçou e nada... Curiosamente, observei que isso vai gerando nas pessoas uma certa ansiedade, quase angústia. Muita gente começa a ficar incomodada, sem nem saber direito por que, para além da mera preocupação com o clima e com a iminente chuva que não vem.
O ápice ocorreu na sexta-feira. Depois de duas semanas inteiras (e um fim-de-semana) de sol, aproxima-se o final-de-semana. Todo bom curitibano sabe que não é bom o suficiente para ter direito a dois finais-de-semana seguidos de sol. E obviamente toda uma semana útil de tempo bom só serve para prenunciar sábado e domingo submersos. Mas, pasmem, nada de chuva!
Então, quando já estamos quase desistindo e pensando que o sol brilhará para sempre, ela chega. É a materialização de um paradoxo: uma surpresa esperada. Um simples olhar na previsão do tempo teria eliminado a surpresa, mas muitas pessoas optaram por não mais olhá-la, já que nunca mais iria chover. Ou, mesmo olhando, optaram por não acreditar, afinal o serviço de meteorologia sempre erra.
Mas da cama você a escuta. Não acredita em seus ouvidos, precisa vê-la. Abre a janela e constata: Ela chegou.
Chegou com tudo. Com engarrafamento, com acidentes, com alagamento, com protestos, sem taxis, sem guarda-chuva. Mas foi bem recebida, pois acabou com a ansiedade da espera. Agora que as coisas voltaram ao normal, podemos seguir com nossa vida. Agora temos novamente a chuva para culpar por todas as mazelas sociais e pessoais. Agora o mau-humor e a irritação voltam a ter justificativa. Pedras deixadas cuidadosamente soltas nas calçadas para espirrar lama na barra na nossa calça. Pessoas andando sob as marquises com o guarda-chuva aberto, prejudicando as minorias sem-guarda-chuva, a festa da democracia entupindo as ruas e calçadas com protestos gritados ao som de buzinas e tambores, o céu cinzento mirando casmurro as pequenas pessoas-formigas se agitando confusas cá embaixo. Enfim, um dia normal.


Mas um pequeno detalhe fez lembrar que água é vida. No meio do meu mal cuidado jardim, altiva, sorrindo, uma rosa que não estava lá antes. Ontem ela era um imperceptível botão que esperava, também ansioso, apenas um pouco d’água para mostrar toda a sua beleza de flor.

domingo, 11 de março de 2012

CRÔNICAS FACEBOOKIANAS SOL – por Roberto Pompeo – 11/03/2012 – Curitiba


Há momentos da nossa vida em que vemos tudo aquilo em que acreditamos se desfazer como fumaça diante dos nossos olhos. Tudo aquilo que construímos ruir como um sólido castelo erigido sobre nuvens. Tudo aquilo em que até então acreditamos se tornar irreconhecível para nós mesmos. É como não reconhecer o reflexo que nos mira de dentro do espelho. É como olhar todas as pessoas ao nosso redor com estranheza, como se de repente tivéssemos sido subitamente transportados para algum planeta distante, onde na verdade o estranho somos nós.
Nesses momentos, podemos não enxergar mais o futuro, podemos não vislumbrar mais nenhuma saída. Até mesmo aquelas poucas pessoas com quem pensamos poder contar, nesse momento mais difícil, vão preferir virar as costas, vão preferir fechar os olhos e se poupar. E então, não acreditaremos em mais nada, nem sequer que o sol vai nascer novamente na manhã seguinte, não acreditaremos na manhã seguinte.
Aí é que vem o mais importante. Resistir mais um minuto, mais dois, mais algumas horas. E ficaremos surpresos ao ver que o sol nasceu novamente! E não veio sozinho, veio acompanhado de um dia cheio de luz, cheio de cores, veio acompanhado de vida, veio acompanhado da certeza de que todas as coisas passam e que existe um futuro muito belo. Que existem pessoas com quem podemos, sim, contar. E que mesmo que não haja ninguém, podemos contar conosco mesmos. Que sempre haverá dia depois de uma noite, por mais obscura que essa noite seja.

domingo, 4 de março de 2012

CRÔNICAS FACEBOOKIANAS - É FÁCIL – por Roberto Pompeo


Chega uma altura da vida em que não interessam mais aborrecimentos, além daqueles que já temos normalmente. Devemos nos poupar de desgastes desnecessários, de amizades fúteis, de sofrimentos gratuitos, de conversas chatas, de pessoas que não nos acrescentam nada.
Devemos buscar aquilo que nos faz felizes, pequenas coisas, para pequenas felicidades que, somadas, dia a dia, vão nos permitir uma grande felicidade.
Um abraço inesperado, beijo na bochecha, sorvete, um olhar descomprometido, um encontro não-marcado, vento no rosto, cheiro de goiaba, pôr-do-sol, música, sim, música sempre!
Amizade verdadeira, riso de criança quando aprende algo novo, que você ensinou, boas memórias, cheiro de chuva, internet rápida, bicicleta, uma flor, dia de sol, dia de chuva, céu estrelado, barulho de mar, noite agradável...
Cada um pode acrescentar muitas coisas nessa lista. Aliás, cada um pode realmente escrever uma lista de pequenas coisas que podem fazê-lo um pouquinho feliz.
Vai ser uma surpresa ver quantas coisas simples podem nos fazer felizes. Coisas que sempre teremos todos os dias, talvez não todas elas, mas pelo menos uma.
E assim descobriremos como é fácil ser um pouquinho feliz.
E logo veremos que, sendo um pouquinho feliz, fica mais fácil ser um pouco mais, e um pouco mais e um pouco mais. E sem perceber seremos muito felizes!
Basta olhar ao redor com atenção. E afastar o que nos faz mal, substituindo pelo que nos faz bem.
Vocês viram que ideia nova e original?! Bem, como ser generoso faz feliz, todos ficam autorizados a copiá-la, aplicá-la e inclusive aumentar a lista para facilitar a vida dos outros.
Boa noite e boa sorte!