segunda-feira, 21 de abril de 2014

CADAFALSO – Roberto Pompeo – 21/04/2014

No cadafalso, da memória
Pendem retorcidas lembranças
De antigos amores,
Mutiladas esperanças,
Descontrolados pendores.
Abre-se o fatal tablado,
Obnubila-se a visão,
Desprendem-se da mente os pensamentos,
Pende o corpo inerte rumo ao chão,
Alça voo rumo ao céu a alma leve...


TEMPO E ESPAÇO – Roberto Pompeo – 21/04/2014

Entre o tempo e os desejos
Corremos afoitos
Um tanto humanos
Um tanto animais

Entre a vida e os deuses
Caminhamos vorazes
A esmo, de esgueira
Apressados, mortais

Entre o medo e os sonhos
Vagamos errantes
Sem saber quais são mitos
Quais são reais

Entre dores e altares
Oramos aflitos
Buscando milagres
Rogando ilusão

Entre penas e gozos
Erramos perdidos
Num mundo de sombras
Sem direção

Dilemas da vida
Caminhos cruzados
Soluções escondidas
Fatal decisão

Entre templos e estrelas
Vogamos no espaço
Cruzando os céus

Atados ao chão!

quinta-feira, 17 de abril de 2014

RÉQUIEM – Roberto Pompeo – 17/04/2014

Naquela manhã cruel de outono
Por entre a névoa espessa
Seus pés castigavam folhas secas sobre a grama úmida
Errava absurdo entre dois mundos
Julgando os céus pela vida roubada
Condenando a terra pela alma partida...

Com a alma partida pelo vento de outono
Que levantava lentamente a cortina de névoa
Desvelando os contornos de árvores desconcertantemente nuas
Via as folhas secas ganhar vida numa inexplicável dança de roda

O portal entre os dois mundos novamente se fechava
Aprisionando os humanos em seu cárcere de sombras
A cumprir pena de duração desconhecida
Prolatada por Juiz de autoridade absoluta

A alma alada seguiu seu voo certeiro rumo ao infinito
Libertada
Enquanto o sol dotava de aparente realidade o cenário de mais um dia
Diferente dos demais pela única razão plausível neste mundo:

No jardim nascia uma Rosa...

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O CÉU O MAR E O TEMPO – por Roberto Pompeo – 03/04/2014

Sentado num singelo banco de madeira bruta
Fitava o horizonte absorto em pensamentos.
O mar, distante e próximo, se fazia espelho
Para abrigar navios que flutuavam no céu refletido,
Pequeninos ao longe.

Sentado num singelo banco de madeira bruta
Percorria os campos verdejantes com os olhos baços.
O vinho, companheiro fiel, se fazia vivo
Para acolher sentimentos que transitavam soltos,
Pequeninos de perto.

Sentado num singelo banco de madeira bruta
Esperava passar o vento com o mar nos olhos.
O tempo, amigo cruel, se fazia lento
Para afagar os homens que se sentiam livres,

Pequeninos sempre...