sexta-feira, 18 de maio de 2012

CRÔNICAS FACEBOOKIANAS – LIBERDADE – por Roberto Pompeo – 18/04/2012






Tem ganhado certo destaque na pauta a não tão nova discussão sobre liberdade de pensamento e liberdade de expressão. Tenho observado, distante, os argumentos e contra-argumentos elaborados em às vezes novas abordagens de um tema velho.
Vejo muitos desses argumentos se encaminhando para uma orientação limitadora desse direito tão básico quanto utópico. Vejo também um atrelamento, sobre cuja pertinência tenho cá minhas dúvidas, entre esses dois direitos. Como premissa básica, penso que uma coisa é a liberdade de pensamento, que pode ser tolhida de várias formas geralmente não jurídicas (controle do pensamento) e outra é a liberdade de expressão desse pensamento, que também pode ser tolhida de várias formas, inclusive jurídicas.

Não pode uma lei proibir alguém de pensar ou de pensar o que quiser. Mas é possível induzir o pensamento, ocupando a mente humana com ideias pré-concebidas advindas de doutrinas, filosofias, religiões ou mesmo com bobagens que pouca ou nenhuma utilidade têm para a evolução da humanidade ou mesmo do indivíduo. Aqui, vão alegar os gurus de plantão que sempre haverá a liberdade de querer ou não aceitar tais induções. Formalmente não estão errados, mas materialmente sim, pois substituem pensamentos espontâneos por outros que arbitrariamente lhes parecem mais corretos ou muitas vezes lhes parecem os únicos corretos. Formam assim exércitos de “robôs” repetidores de frases e ideias implantadas que nem sempre sequer entendem o que repetem.
Quando passamos à esfera da expressão das ideias, a coisa se torna um pouco mais palpável e aí já encontramos muitos limitadores, que vão desde uma repressão hierárquica, passando pela social, chegando à jurídica e até física. Certos temas são “proibidos” em determinados círculos por parecerem politicamente incorretos e receberem como sanção o desprezo dos superiores ou do grupo, seguido de isolamento induzindo o afastamento. Quando se trata da sociedade em geral, limitações legais vão-se impondo na forma de sanções civis e até penais. Você pode dizer o que quiser mas sofrerá as consequências.

Poderíamos defender apaixonadamente a liberdade de expressão ou a sua supressão. Mas, ao que parece, não se trata disso. O cerne da questão é sopesar o que se ganha e o que se perde ao se permitir uma absoluta divulgação de pensamentos e informações. O que e quem pode sair prejudicado pela liberdade alheia. O que estaremos defendendo e quem estaremos protegendo ao calar vozes e ao inebriar pensamentos, ao lançar inteligências num abismo de ignorância e ao amolecer as consciências com o ópio das doutrinas, sejam as seculares sejam as pseudo-espirituais. Não seria mais salutar permitir que se estabeleça a discordância e o debate? Não seria melhor defender uma postura do que escondê-la? Fica o questionamento para reflexão, já que o tema é extenso e polêmico.
Eu, por mim, tomo emprestadas as palavras de Arrigo Barnabé: “Quem cala consente, eu não calo. Quem cala consente, eu desacato!”