Há momentos da nossa vida em que vemos tudo aquilo em que
acreditamos se desfazer como fumaça diante dos nossos olhos. Tudo aquilo que
construímos ruir como um sólido castelo erigido sobre nuvens. Tudo aquilo em que
até então acreditamos se tornar irreconhecível para nós mesmos. É como não
reconhecer o reflexo que nos mira de dentro do espelho. É como olhar todas as
pessoas ao nosso redor com estranheza, como se de repente tivéssemos sido
subitamente transportados para algum planeta distante, onde na verdade o
estranho somos nós.
Nesses momentos, podemos não enxergar mais o futuro, podemos
não vislumbrar mais nenhuma saída. Até mesmo aquelas poucas pessoas com quem
pensamos poder contar, nesse momento mais difícil, vão preferir virar as
costas, vão preferir fechar os olhos e se poupar. E então, não acreditaremos em
mais nada, nem sequer que o sol vai nascer novamente na manhã seguinte, não
acreditaremos na manhã seguinte.
Aí é que vem o mais importante. Resistir mais um minuto,
mais dois, mais algumas horas. E ficaremos surpresos ao ver que o sol nasceu
novamente! E não veio sozinho, veio acompanhado de um dia cheio de luz, cheio
de cores, veio acompanhado de vida, veio acompanhado da certeza de que todas as
coisas passam e que existe um futuro muito belo. Que existem pessoas com quem
podemos, sim, contar. E que mesmo que não haja ninguém, podemos contar conosco
mesmos. Que sempre haverá dia depois de uma noite, por mais obscura que essa
noite seja.
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