domingo, 30 de março de 2014

SOLIDÃO – Roberto Pompeo – 30/03/2014

Nada já me atrai ou me cativa

Que não seja a solidão de um cego

Que tateia pelo breu seguindo sons

Que lhe percutem incessantes os ouvidos

A chuva triste faz estardalhaço

Esparramando-se em úmida folia

Soa-me a inusitada melodia

Orquestra de outros cegos no telhado

Batuta insana de um maestro surdo

Aromas e odores se acasalam

Gerando cheiros sutis ou agressivos

Que me fazem caminhar sobre meus passos

Buscando algo desde há muito já perdido

Rumo ao deserto antepassado dos meus sonhos

Onde o amor foi ocultado por feitiço

P'ra revelar-se num dia que não há

Pelo sabor de um beijo proibido


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