Nada já me atrai ou me cativa
Que não seja a solidão de um cego
Que tateia pelo breu seguindo sons
Que lhe percutem incessantes os ouvidos
A chuva triste faz estardalhaço
Esparramando-se em úmida folia
Soa-me a inusitada melodia
Orquestra de outros cegos no telhado
Batuta insana de um maestro surdo
Aromas e odores se acasalam
Gerando cheiros sutis ou agressivos
Que me fazem caminhar sobre meus passos
Buscando algo desde há muito já perdido
Rumo ao deserto antepassado dos meus sonhos
Onde o amor foi ocultado por feitiço
P'ra revelar-se num dia que não há
Pelo sabor de um beijo proibido
Nenhum comentário:
Postar um comentário