quinta-feira, 13 de março de 2014

INQUIETAÇÃO – por Roberto Pompeo – 13/03/2014

José cismava
Cada vez que Madalena
Deixava a casa
Via fantasmas nas sombras
Vergonhas nas roupas
Desvergonhas nos olhares
Que ela dava pela praça
Em especial a Florisval

José cogitava
Cada vez que Madalena
Se alijava de seus chamegos
Das razões de tal soberba
Desrazões de tal agir
Só podia ter um nome
Tal desfeita
Abismal se chamava Florisval

José considerava
Cada vez que Madalena
Se aprumava pra sair
Lábios rubros
Olhos negros pele jade
Uma única possibilidade
O aço
De seu punhal no desinfeliz Florisval

José afiava
Cada vez que Madalena
Desafiava
Sua adaga prateada
Destinada
Ao coração desconsiderado
De Madalena
E à artéria principal de Florisval

José saía
Cada vez que Madalena
Se ia
Armado de faca
E sangria
Dominado de loucura
Para resolver enfim o tema
Do infernal Florisval

José sorria
Cada vez que Madalena
Tornava à casa
Mas não sorriu desta feita
Aço, punhal, adaga
Na mão a faca sombria
Que outro fim não possuía que
Fazer mal a Madalena e Florisval

José decidia
Cada vez que a Madalena
Ouvia os risos de gozo
Fazer obra do capeta
Pele cortada olhos mortos
Sangue rubro
Resultado do
Assassinato brutal de Madalena e Florisval

José se atormentava
Cada vez que de Madalena
Se lembrava funérea
Atroz ceifara-lhe a vida e ao amigo
Com quem nunca se deitara
Verdade depois surgida
Aos homens preferia
Para o amor carnal o defunto Florisval

José vagava
Cada vez que Madalena
Voltava aos seus sonhos
Vestindo negros andrajos
Pelos corredores pútridos
Da prisão mofada
Onde passaria o resto dos dias
Pensando que unira ao final Madalena e Florisval


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