terça-feira, 21 de janeiro de 2014

CRÔNICAS FACEBOOKIANAS - QUADRADOS, CÍRCULOS E ELIPSES – por Roberto Pompeo – 21/01/2014


Sempre gostei de formas geométricas. É curiosa a relação que as pessoas têm com elas. Se alguém é muito certinho e ajustado aos padrões sociais dizemos que é “quadrado”. Interessante que essa expressão tem um certo cunho pejorativo, mas desde a mais tenra idade nossos pais, depois a escola e a sociedade toda procuram nos “enquadrar”. Os desenquadrados, os desajustados, os insanos enfrentam mais dificuldades na nossa sociedade. Sempre que possível são colocados à margem, de uma forma ou de outra. Mas ao mesmo tempo, paradoxalmente, atraem a atenção e muitas vezes admiração, um certo desejo de “queria conseguir ser assim”. Mas é alto o preço da transgressão. Como também é alto o preço para evitá-la.
É um eterno confronto entre a maioria (às vezes minoria) que se enquadra e que pretende a qualquer preço enquadrar a todos e os que não se adaptam, os que sentem, intuem, às vezes até sabem que a vida é mais do que isso, que ela pode adotar infinitas formas. Aqueles que sentem um grande desconforto e profundo desgosto em ter que viver a vida que lhes é ditada.
A mim, particularmente, o quadrado não atrai. É de uma perfeição reta, chata, é sempre igual, não importa sobre qual aresta esteja postado. Ele tem cantos desagradáveis em ângulos retos, cantos juntam pó. Custa-me ter de viver a vida em caixotes, limites estreitos, do tipo “cada um no seu quadrado”.
A perfeição costumamos associar ao círculo, linha contínua equidistante do centro em todos os seus infinitos pontos. Algo está “redondo” quando está funcionando muito bem. Não há descontinuidade, não há falha, não há cantos no círculo.
Imagine uma vida sem cantos, sem instrumentos, sem música. Uma vida redondinha, sem sobressaltos, sem grandes emoções. Deve ter suas vantagens em termos de tranquilidade, estabilidade. Mas que coisa monótona!
Gosto da elipse.
Não é chata nem redonda, é torta. Sua lógica não tem um centro, tem pelo menos dois. Não tem lados. Não tem cantos, mas tem acústica. Não é estática, insinua movimento, velocidade. É a linguagem da natureza. Os ovos, fonte da vida. As órbitas dos planetas. A Terra e todos os planetas que flutuam no espaço. O corpo astral. As pessoas, em sua grande maioria, não são quadradas nem redondas, são elípticas. A vida, como a conhecemos, é elíptica. E aí está a sua beleza!
As elipses, como as pessoas, são perfeitamente imperfeitas.

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