segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

AUTOPOEMA OU CAMINHADA NOTURNA POR UM PORTO SEM NAVIOS


O que de mim se esconde de mim
Quem sou este que desconheço
Por que caminhos me perco
Da senda sem fim
Qual o segredo evidente que não vejo?

Entre quais mistérios vagueia meu espírito
Sem que no entanto logre percebê-los
De quem é o rosto que se desfaz ante meus olhos
Quando procuro uma paisagem na janela
E só o que encontro é um reflexo no espelho?

Lá fora a lua anuncia o infinito
Deixando um flébil rastro sobre o mar
Por entre nuvens dissimula sua face
Como uma órfã que esconde a sua dor
Ou como um velho que suporta o seu cansaço

Enquanto as horas cantam lentas seu torpor
E o amor desfaz-se em gotas mudas pelas docas,
Naquele porto adormecido sem navios
Se desvanecem os fantasmas do passado
Trazendo o sol a nova luz em seu regaço!

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